terça-feira, 13 de dezembro de 2011

JOÃO BATISTA JULIÃO - Um Mestre que merece ser lembrado

Em 1986, o Boletim nr 3 da Sociedade Brasileira de Musicologia publicou trabalhos a propósito do centenário de nascimento do ilustre mestre paulista,João Batista Julião, figura importante no cenário musical brasileiro.

As notícias biográficas a seu respeito, constantes do Boletim mencionado, foram disponibilizadas por sua filha, Profa. Maria de Lourdes Julião, a partir de um manuscrito provavelmente de seu próprio punho. Segundo essas Notícias Biográficas, João Batista Julião nasceu no dia 1º. de setembro de 1886, em Silveiras, SP, onde cursou as primeiras letras e aprendeu a tocar diversos instrumentos na banda da cidade. Em 1904 mudou-se para Moji das Cruzes,e logo tornou-se regente da Corporação Musical União Mojiana. Na mesma época, e já casado com a Sra. Profa. Maria de Lourdes Freitas, escreveu revistas, dedicou-se ao coro da Igreja Matriz e produziu muitas obras para banda.

Em 1914 matriculou-se no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, onde graduou-se em Contraponto e Fuga em 1918. Ao mesmo tempo, estudou particularmente com o Maestro Savino De Benedictis, com o qual manteve por toda a vida uma grande amizade, tornando-se em 1924 padrinho de batismo de Lydia, filha do casal Savino / Carmelita.

Em 1915 fundou um instituto musical em Moji das Cruzes e em 1918, mediante concurso, foi nomeado mestre de capela da Matriz, cargo que exerceu até 1926. Nesse ínterim, foi professor de música da Penitenciária Modelo do Estado, na Escola Normal Padre Anchieta e outros estabelecimentos de ensino. Em 1927 fundou o Instituto Musical de São Paulo, que permaneceu dirigindo até 1961, quando faleceu.

Embora já tivesse realizado diversos trabalhos em relação ao Canto Orfeônico, em 1942, quando foi instalado no Rio de Janeiro o Conservatório Nacional de Canto Orfeônico, foi um de seus primeiros alunos, e com a habilitação necessária já recebida, anexou, em 1943,o Conservatório de Canto Orfeônico ao Instituto Musical de São Paulo. A partir de então, dedicou-se a preparar e orientar cursos para formação de professores de Canto Orfeônico no Estado de São Paulo, culminando com o cargo de Orientador-Chefe do Ensino de Canto Orfeônico neste estado, recebido em 1957.

João Batista Julião ocupou a cadeira nr 37 da Academia Brasileira de Música e exerceu inúmeros cargos de diretor e Presidente em entidades musicais. Foi também compositor e autor de inúmeras obras didáticas.

O cinqüentenário de seu falecimento, que se deu neste ano (1961-2011) vem encontrar o ensino da música nas escolas em uma situação caótica, pois que a lei determina a criação dos cursos sem que haja professores especializados. Rever os programas e as obras criados especialmente para a mesma finalidade pode e deveria ser um caminho, pois que seguiam metodologia que deu bons resultados em seu tempo. E esse tempo não é tanto assim que se possa considerá-los superados – ainda mais que, nesse vácuo, não surgiram mestres como João Batista Julião e seus contemporâneos...