Ao contrário do que muitos pensam, não é só no Brasil que os
governos proporcionam bolsas para ajudar a população. A revista espanhola
TELVA-Niños, de outubro de 2013, trata especialmente das bolsas que avós
recebem do governo espanhol para ajudar a cuidar dos netos e menciona outros
países da Europa onde existe a mesma realidade.
A revista enfoca mais especificamente a realidade espanhola,
que na época passava por uma grande crise financeira. Mas menciona bolsas
semelhantes na Grã-Bretanha, onde os avós recebem ajuda quando deixam o
trabalho, ou parte do trabalho, para cuidar dos netos. Cita também a Alemanha,
onde, até 14 meses após o nascimento dos netos, os avós podem descontar até
1800 euros do Imposto de Renda na fonte, se um dos pais sofre de uma doença ou
a cuidadora da criança não trabalha mais que 30 horas semanais. Os avós também
têm direito de se ausentar do trabalho por 10 dias, se a criança estiver
doente, recebendo o salário na íntegra, ou se afastar do trabalho por até 6
meses, sem remuneração, para cuidar do neto.
Portugal contempla os avós, se o parental da criança tem 16
anos ou menos, com 100% do salário, no primeiro mês da criança. E uma ajuda de
65% do salário, até o neto completar 18 anos, se os pais trabalham e não podem
reduzir ou flexibilizar sua jornada.
Já a Hungria ajuda os avós, quando a criança de até 3 anos
mora em casa deles, com 70% do salário médio mensal. O avô não pode estar
trabalhando.
Esses avós que cuidam dos netos são chamados avós-cangurus. Segundo
o estudo “Abuelos y abuelas... para todo”, editado pela Obra Social Caja
Madrid, os avós são “possuidores do bem mais precioso da sociedade atual – o
tempo – pelo que se transformaram na tábua de salvação de seus filhos”. Já a
Universidad Complutense editou um estudo, “Doble dependencia: abuelos que
cuidan nietos en España”, onde afirma que este país é o que tem menos avós
cuidando dos netos, mas onde dedicam mais tempo a esse mister.
A propósito dessa nova realidade, a Sociedade Espanhola de
Geriatria e Gerontologia estabeleceu o que a revista TELVA chama de “Regras de
ouro a ter em conta”, e que são: 1. Fazer o que é possível, sem sobrecarga de
serviços, pois esta deve ser uma atividade prazerosa; 2. Aprender a dizer não,
diante de tarefas que sobrepujem a própria capacidade, ou se houver outros
planos; 3. Não descuidar da saúde, mantendo-se nos próprios limites e não
esquecendo as revisões médicas pessoais; 4. Se perder o controle da situação,
falar com o(a) filho(a). O melhor será
estabelecer regras básicas; 5. Reservar seu próprio espaço e tempo, e seguir
praticando as atividades preferidas; 6. Manter uma boa forma física, fazendo
exercícios e seguindo uma dieta adequada; 7. Não sentir culpa por não
desempenhar tarefas como antes; 8. Tentar realizar atividades com os netos de
modo que ambos se sintam bem; 9. Impor limites: o neto não deve fazer “tudo que
queira”.
A matéria cita ainda opiniões de especialistas de diversas
áreas, alguns a favor, outros contra essa nova realidade, e indica livros (em
espanhol) onde se trata do assunto. E contrapõe duas realidades possíveis
nestes casos: os avós que se cansam ou deixam de realizar o que sonhavam fazer
quando aposentados, e os avós que se sentem renovados ao descobrir que ainda são
úteis e podem se manter em plena atividade.
(Condensação da matéria “Te quedas com los niños?”,
TELVA-Niños, outubro de 2013, nº 15. Madrid, Grupo Unidad Editorial, p.56-58)
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