segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

CENTRO DE MÚSICA BRASILEIRA - CONHEÇA, ADMIRE, PRESTIGIE



O Brasil, país tão acolhedor “para o estrangeiro amigo”, como escreveu Manuel Bandeira, tem sua própria música como assunto para turista – e trata seus músicos que defendem a música erudita do país como cultores de curiosidades. Então, o que podem fazer os que amam e admiram a nossa música  e se identificam com ela?

Pois temos em São Paulo uma ilha, pequena mas muito importante, onde a música brasileira é tratada como verdadeira dona e senhora. Trata-se do Centro de Música Brasileira, sociedade civil sem fins lucrativos, que foi fundada em São Paulo pelo Professor e Compositor Osvaldo Lacerda e sua esposa, a Pianista Eudóxia de Barros. O ato de fundação foi em dezembro de 1984 (vai completar 30 anos, portanto) e iniciou suas atividades em abril de 1985, com recital de Eudóxia de Barros no Teatro Cultura Artística.

Para poder visualizar a importância e o destaque que se dá à música brasileira, consultamos o  blog do Centro de Música Brasileira e fizemos um equacionamento das apresentações nele relacionadas, correspondentes aos anos de 2012 e 2013. Nessa época o Presidente da entidade, desde sua fundação, Prof. Osvaldo Lacerda,  havia falecido. Chegamos aos seguintes resultados:

Em 2012/2013 os compositores apresentados foram Osvaldo Lacerda, Breno Blauth, Dimitri Cervo, Fabio Leal, Lina Pires de Campos, Liduíno Pitombeira, Oscar Lorenzo-Fernandez, Francisco Mignone, Henrique Oswald, Almeida Prado, Camargo Guarnieri,  Nilcéia Baroncelli, Pedro Camin, Dierson Torres, José Lino Flemming, José Siqueira, Fernando Cupertino (atual Vice-Presidente da entidade), Edino Krieger, Edmundo Villani Côrtes, Matheus Bitondi, Mario Ficarelli, Alberto Nepomuceno, Ernani Aguiar, Heitor Villa-Lobos, Ernst Mahle, Gilberto Mendes, Silvio Ferraz, Ronaldo Miranda, Radamés Gnatalli, Pedro Cameron, Eunice Catunda, Sophia Helena Veiga de Oliveira, Sergio Oliveira de  Vasconcellos-Correa, Felix Otero, Waldemar Henrique, Marcus Siqueira, Nilson Lombardi, Ernesto Nazareth, Maria Amélia de Souza Queiroz, João Francisco Leal, Marcos Portugal, Pe. José Maurício, Jayme Ovalle, Chiquinha Gonzaga, Inácio da Silva, Gabriel Trindade, um anônimo, Reginaldo Carvalho, Pedro Marinho, Eli-Eri Moura, José Alberto Kaplan, Gazzi de Sá, Vladimir Silva, Antonio Ribeiro, Ailton Escobar.

Comentando de forma muito breve esses compositores, vemos que muitos são contemporâneos  e estão em franca atividade; outros vêm do Brasil Colônia, do Brasil Império;  outros são já do século XX, mas estão falecidos. Desses 56 nomes, 6 são mulheres – uma raridade em  apresentações  de música brasileira. 

Já que os meios de expressão apresentados são também muito variados, vejamos os poetas contemplados nos recitais de/ou canto e piano, em 2012 e 2013: Paulo Bonfim, Manuel Bandeira, Guilherme de Almeida, Cassiano Ricardo, Castro Alves, Casimiro de Abreu, Gonçalves Dias, Ribeiro Couto, Ferreira Gullar, Manuel João Monteiro, Alphonsus de Guimaraens,  Olavo Bilac, Martins d’Alvarez, E. Freitas Guimarães, Vicente de Carvalho, Cecília Meireles, Renato Lacerda (pai de Osvaldo Lacerda), Mário de Andrade, Mário Quintana, A. de Campos, Ascenso Ferreira, Zé da Luz.  

Dos vinte e dois poetas apresentados, muitos aparecem mais de uma vez. E a época de seu florescimento corresponde mais ou menos às mesmas épocas dos autores de parte musical.  Não é demais observar que  a programação dos 2 anos comentados traçam um mapa sonoro e literário do Brasil, em diversas épocas.

Alguns compositores aqui citados foram alvo de apresentações em sua homenagem, como Osvaldo Lacerda e Almeida Prado, ambos, no caso, recentemente falecidos. Já o recital de 23.3.2012 foi em homenagem à cantora e professora Magdalena Lébeis (1912-1984) em seu centenário de nascimento. Neste recital, o poeta Paulo Bonfim, sobrinho da homenageada e autor de um dos textos cantados, esteve presente e disse lindas palavras sobre sua tia e a música.

Os intérpretes que se apresentaram nesses recitais, e em anos anteriores também, são em grande número, e, embora o piano esteja presente em quase todas as apresentações, a Orquestra de Cordas Laetare, sob regência de Muriel Waldman,  o Coral da  Cultura Inglesa, sob regência de Marcos Júlio Sergl, o Coro de Câmara de Campina Grande e a Camerata Cantareira também marcaram presença nesse biênio. Os duos de piano com os sopros flauta, oboé e clarineta  e os arcos violino e contrabaixo foram bem representados em alguns eventos.

Vale destacar a apresentação dos alunos da Escola de Música de São Paulo, que em 2012 homenagearam Osvaldo Lacerda, e no primeiro recital de 2013, dele apresentaram obras para piano solo, clarinete, canto e piano, flauta, trombeta, marimba, percussão e quinteto de metais. 

Procurei valorizar a variedade de autores de música e de poesia, para destacar o  grande número de criadores e intérpretes que constituem a nossa música, que em sua essência é muito variada. Nestas apresentações – e lembremo-nos que estamos falando de apenas dois anos de recitais – essa grande variedade ficou bem explícita.  Para quem gosta de música brasileira, este já é um painel muito representativo. Até porque muito do que foi apresentado não existe em gravações ou, quando existe, está em produções independentes, que  não são de fácil acesso.

Mas como o Centro de Música Brasileira já vai completar trinta anos, podemos multiplicar por quinze este número de  autores e poetas e ter o cálculo de tudo o que tem sido feito pela músicacita e, para quem gosta de mpl anos de recitais - essa no e, marimba, percusscentemente falecidos. reu, Goçalves Dias, th,Maria do Brasil nesse período. 

Se no item “música ao vivo” temos tudo isso que foi mencionado, e os recitais não aconteceram só em São Paulo, vejamos  quanto mais foi realizado neste período: sete concursos de interpretação da música brasileira, sendo sete para canções de câmara, cinco de música brasileira para piano e dois de músicas brasileiras para flauta. Alguns desses concursos receberam apoio da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, que ofereceram os prêmios.  Em 2008 a entidade realizou um Concurso de Tocata para Piano, com prêmio em dinheiro oferecido pela mesma Secretaria de Cultura, e a obra premiada foi impressa pela Academia Brasileira de Música.Houve  ainda um Concurso de Monografia “O Dobrado” e , em seus primeiros anos de existência, um concurso de composições musicais, em parceria com a Biblioteca Mário de Andrade.

Apesar de sua visível utilidade pública, o Centro de Música Brasileira “não conta com subsídios de entidade nem particulares, nem governamentais, com exceção de esporádicos patrocínios  dos prêmios dos concursos ou apoios culturais”, como diz  seu release. A sobrevivência financeira se dá através de anuidades de associados,  e, além de outros patrocínios esporádicos, de grandes empresas, desde 1995 recebe apoio contínuo da Cultura Inglesa de São Paulo, em cujos auditórios realiza seus recitais.

No Brasil a cultura, infelizmente, é como os cometas: chegam, mas não ficam muito,  vão embora e demoram a voltar. Vamos então fazer um movimento para manter o Centro de Música Brasileira com todo seu brilho, contribuindo ao se associar a ele, mas também comparecendo a seus recitais. A música clássica (ou erudita) brasileira merece ser usufruída  - ela alimenta os ouvidos, a alma e o coração.

P.S -  Visite  www.centrodemusicabrasileira.blogspot.com.br  para conhecer em detalhes a programação aqui mencionada. Pelo e.mail cmbrasileira@gmail.com você pode obter mais informações sobre a programação mensal e se associar ao Centro de Música Brasileira.