terça-feira, 1 de novembro de 2011

100 ANOS DO THEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO

Algumas palavras sobre a Exposição

Durante quinze dias consecutivos, de 15 a 30 de outubro de 2011, obras de oito artistas plásticos estiveram expostas no Espaço Paulista de Arte. O mote comum era o Teatro Municipal de São Paulo, em seu centenário.
Certamente, as obras foram produzidas em separado, sem que os artistas “combinassem” entre si as abordagens que escolheram. Mas o resultado mostrou inegáveis ilações, não só pelo tema comum, como pela condução dos olhares de pessoas de formações diferentes, em relação a um ícone da cultura paulistana.
Roberto Rossant explorou o tema das máscaras e as silhuetas esbatidas de uma bailarina curvada em agradecimento, com outra bailarina ao fundo, visível apenas em parte. Segundo suas próprias palavras, com as máscaras, volta-se para a origem grega da arte cênica. Já Wagner Aniceto, que se diz um pintor de paisagens urbanas, colocou também bailarinas, flutuando entre a agressividade do concreto da grande cidade.
Marcelo Neves, escultor, deslocou sua Catherine, uma mulher muito gorda em passo de dança, da languidez e fluidez usual das bailarinas. Em outras esculturas, mulheres também obesas se divertem num balanço. Será um alerta para a aceitação da beleza em todas as suas formas? E Catherine, dotada de um mecanismo, gira e gira...
Ferracioli se auto-retrata como Dom Quixote. E entre dois Quixotes coloca uma cena de ópera de Wagner.
“Você acha que o artista, hoje em dia, é quixotesco?”, perguntei. E ele apenas sorriu. Mas não negou.
Marcus Claudio nos mostra, em branco e preto, o que também foi retratado em branco e preto: os anônimos construtores do edifício, em quase totalidade artesãos italianos vindos especialmente para a construção e que aqui ficaram. (Uma bisneta procurava, no quadro, o indício de quem seria seu antepassado...) E o artista recria a chegada, em carroças, dos pianos Pleyel, adquiridos especialmente para a nova casa de espetáculos.
Surpresa! Alguém finalmente lembrou-se do Patrono do Teatro, nosso grande Carlos Gomes. Foi Gladys Maldaun, que retratou de diversos ângulos o compositor e seus principais personagens, representados em esculturas que circundam as escadas que vão para o Vale do Anhangabaú. Preterido na inauguração e no centenário do Teatro Municipal de São Paulo, e freqüentemente na programação anual, Carlos Gomes, na estátua e também nos quadros, parece carregar um peso: “Por que não nasci num país estrangeiro? Seria reconhecido no Brasil!”
Avelino retrata o Teatro por fora, ao anoitecer, com suas luzes, seu esplendor em dias de chuva e em dias de espetáculo. A multidão segue apressada. Talvez vejam, talvez não vejam o Teatro. Pois Avelino sempre o vê, quando passa, todos os dias, vindo do trabalho para sua casa. E lamenta a deterioração de um entorno que deveria merecer mais respeito.
Já Alexandre Reider se fixa nos músicos e, mais particularmente, em um músico: o Maestro Jamil Maluf, regendo a Orquestra Experimental de Repertório, criada por ele há quase vinte anos.
Muitas das pessoas que compareceram à Vernissage, no dia 22 de outubro, permaneceram por mais tempo do que pretendiam, para ver o Maestro, que chegaria em breve. Porque a música de todos os tempos e todos os países está sempre revivida e renovada, na pessoa dos grandes artistas que ocupam o palco diante de nós e especialmente para nós, o público.

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