quinta-feira, 7 de outubro de 2010

BOATEIROS, HERDEIROS DE IAGO

Não é uma profissão, mas é um exercício quase profissional em sua constância, coerência e oportunismo. Afinal, quem é um “boateiro”? Graças a Deus, não conheço nenhum pessoalmente, mas pela pegada se conhece o gigante – ou no caso, se conhece o pobre e mesquinho boateiro. Aquele, na falta de dados concretos, na falta de capacidade de análise dos fatos, no desejo doentio de fazer prevalecer sua opinião ou até, como às vezes parece, por pura inveja do sucesso alheio, observa bem a sombra de seu alvo e, incapaz de lutar com armas limpas, cria uma inverdade sobre ele.

O Boateiro, esse tipo desprezível, sabe como inventar uma história que soe plausível aos que, como ele, têm pouca capacidade de análise dos fatos. Sorrateiro, ele sabe a hora certa de soltar a mentirinha, de apenas sugerir, de dar a entender que tem acesso a fontes fidedignas e sobretudo ele sabe a quem soltar seu boato, como quem solta um balão em céu de brigadeiro.

Para quem não conhece ópera, cabe um esclarecimento: Iago é um personagem de Shakespeare, na peça Otelo, que se tornou mais conhecida depois de ser musicada e colocada em cena com música de G. Verdi. Ele cria a suspeita de traição da esposa de Otelo, Desdêmona, rodeando essa suspeita de pequenos detalhes que fazem-na parecer verdade, inclusive o lenço, que seria uma prova cabal mas que é apenas o elemento físico de sua intriga.

Na política brasileira, os Iagos têm caixa e caixas de lenços com o mesmo boato, que distribuem de tempos em tempos, sem originalidade e absolutamente sem fundamento: o de que este ou aquele político ou candidato é comunista.

Como nossa população é em geral ingênua e quase sempre despreparada, o lenço, digo, o boato, cai direitinho. A última vítima é Dilma Rousseff, que aliás tem trajetória idêntica à de Serra, em termos de ideologia juvenil. Até onde sabemos, ela ficou no Brasil, enquanto o candidato oponente fugiu para o Chile, onde Salvador Allende tentava seguir as pegadas de Fidel Castro em Cuba.

Tudo isso aconteceu há muito tempo, e mesmo assim as pessoas não somam dois com dois para perceber algumas coisas que caracterizam o Comunismo. Vamos recapitular: o primeiro regime comunista constituído apareceu na Rússia, em um momento que não se parece em nada com os dias de hoje; era o fim da 1ª. Guerra Mundial. O segundo apareceu na China, em 1947; isto é, no fim da 2ª. Guerra Mundial. Os outros dois são Cuba, o mais duradouro, agora se esvaindo como uma pedra de gelo, e finalmente o do Chile, para onde foi o candidato Serra.

Nos dois primeiros países citados, devido à guerra, havia um exército organizado. E é isso que caracteriza o surgimento de um estado assim – talvez não do ponto de vista sociológico, mas em uma análise de seus aspectos exteriores. O regime comunista, como o nazismo e o fascismo, se baseiam em um exército que, se não é forte de verdade, pelo menos assim se exibe (ver o detalhe da exterioridade). Em documentários sobre o fascismo, o nazismo e o comunismo, vemos sempre desfiles e ditadores uniformizados, que se parecem tanto que, se não fossem os símbolos facho, suástica e foice-e-martelo, não poderíamos distinguir quem são eles. Os chineses escapam da mesmice por suas feições orientais, mas seu aparato visível é muito igual ao dos outros.

BOATEIROS DE PLANTÃO, respondam seu pestanejar: vocês acham que a Dilma tem cara de quem vai comandar um exército? SEGUIDORES DE BOATEIROS: vocês acham que, em tempos de plena paz (pelo menos entre nós), de tanto samba, com previsão de Copa do Mundo em fins do mandato, ela vai chegar e declarar uma mudança de regime? IAGOS DE PLANTÃO: mudem o refrão, que este não está afinado.

Ou melhor: disfarcem e saiam de fininho. Vocês não estão agradando!

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